sábado, julho 26, 2008

Cansaço.

Um dia. De repente. Cansei-me. Sem que nada o indiciasse. Nada de que eu me apercebesse, claro está. Ninguém me garante que, no fundo do meu inconsciente, as rodas do mecanismo não estivessem já em movimento. A rodar em surdina. Activando silenciosamente toda a engrenagem. Todas as sinapses por sentir. Que conduziram a isto.

Um dia, de repente, cansei-me. Cansei-me de tanta coisa de que nunca me cansara antes. Cansei-me de tanta coisa que sempre me dera prazer e alegria. Cansei-me mesmo. Receio não saber explicar bem o que se passou. A verdade é que olho para trás na linha do tempo e vejo dois momentos adjacentes. No primeiro, tudo estava calmo. Eu e as minhas rotinas todas. Eu e o meu sossego despreocupado. No momento imediatamente seguinte, cansei-me. E fiquei mais livre das rotinas. Que, às vezes, vejo-o agora, pesavam como se fizessem parte de mim. Como se fossem apêndices muito pesados e grandes e disformes. Como um braço extra, com uns 2 metros de comprimento. Ou uma perna de chumbo a sair do fundo das costas.

Cansei-me um dia. De repente. E desde esse momento sou mais eu. E nunca mais precisei de descansar.