domingo, setembro 05, 2004

Há dias maus...

Há dias em que me doem as mãos, como se penedos. E não trago nelas os sonhos, embrulhados em papel de jornal velho e vendidos à porta da estação de comboio no tempo frio, das castanhas.
Há dias em que me tranco dentro de labirintos que não sei derrubar e deslizo sem forças de encontro às paredes da alma.
Dias há em que fujo, sem sair do lugar, da rotina que faz dos dias clones de outros passados, como num sonho mau de criança.
Dias há em que o ar me bate no rosto sem que eu o sinta, em que as flores sorriem para mim sem que eu as veja, em que passo pelo mundo ao dobrar da esquina e não o reconheço.

Hoje não é, felizmente, um desses dias...