sábado, junho 12, 2004

Cai a noite

Cai a noite...

Cai a noite? Caíram já tantas noites como esta! Tantas noites caídas e perdidas agora nos confins do tempo e da memória. Tenho uma perpétua saudade do momento. A cada segundo apagam-se velas que aconteceu algo, não comigo, não com alguém que eu conheça, com o mundo em geral...
E as nostalgias vêm de todo o lado, de todo o lado como o vento que sopra nas Highlands escocesas (porque a ilha britânica traz-me mistérios e rituais e cerimónias... embrulhados em vento que arrepia a espinha...)

Todas as noites me lembram alguém que não conheci, alguém que se perdeu também entre as areias que me escorreram da mão, na praia. Todas as noites me apetece chorar por olhos de outras pessoas, ou deixar que os meus se inundem de solidões que não são minhas e de desamores que não senti.

Todas as noites me afogo... Me afundo na inoperância mental do sofá gasto pelo tempo. Se eu esperasse agora algo mais que não a rotina gasta dos dias (que me satisfaz vezes demais, como quem fecha os olhos à vida) talvez não estivesse aqui, sentado, a escrever como quem se rasga... ou como quem deseja rasgar-se um bocadinho, para esquecer...