sexta-feira, março 17, 2006

Gávea

Hoje. Enquanto olhava as pessoas no Shopping. Enquanto olhava as vidas do topo da minha cadeira, junto à varanda, no Shopping. Enquanto comia e olhava as pessoas que comiam. Que sorriam. Que se abraçavam. Que se beijavam. Que conversavam. Que se amavam. Que se detestavam. Que se insinuavam. Que miravam as montras das lojas. Que entravam de mãos vazias e saíam, à vez, com elas cheias e vazias. Que caminhavam indefinidamente ou com um destino traçado. Que levavam os seus filhos pela mão. Que esperavam encostadas ao vazio aparente do dia. Que se agrupavam. Que agiam e reagiam na sinfonia constante do tempo.

Hoje. Enquanto olhava as pessoas no Shopping. As pessoas que continuo a olhar. Ouvi alguém. Na distância do dia. Chamar pelo meu nome. Nessa altura levantei o olhar da mesa da refeição. Levantei o olhar das pessoas todas que latejavam em meu redor. E. Do topo da minha cadeira, junto à varanda, no Shopping. Procurei alguém inexistente, com os olhos a serem a minha alma toda.

E como não vi ninguém, um arrepio desceu. Ou subiu. Pelas costas. E fez-me sentir. Sozinho.




23-02-2006... [CCC]