segunda-feira, setembro 11, 2006

Vértice

De noite.
Na solidão da falésia.
O vento corta-me às fatias.
Sou lusco-fusco
(A bailarina de corda.
Sem mão esquerda e de lábios azuis)
Semente nocturna dos dias.
O mar contra a pedra.
O mar morto contra pedra viva.
Luto salgado. Sagrado.
Dos quartos vazios à luz trémula das velas
E das mãos que tombam de outras.
O silvo seco e louco de tudo
A embalsamar-me os olhos
Num instante de terror.
Até a baioneta.
(Frio de metal cinzelado.
Azul. Azul. Azul.
A invadir dos lábios o corpo todo)

Zim!

E o sangue!
Vivo. Vermelho. Voraz. Veloz.
Se verter no véu da alvorada.


[Ontem. Adoro]