quinta-feira, fevereiro 16, 2006

As manhãs...

Ontem remexi nas coisas do quarto. O meu quarto parece um cemitério de ideias. E um depósito de dias passados. Não há muitos vestígios de futuro no quarto.

Ontem. Hoje. Dormi 2 horas. Quem me dera não precisar de mais. Levantei-me da cama como se partisse para mais uma batalha sem tréguas. Como se? Que ingenuidade.

O dia veio acordar-me com dedos muito brancos e uma luz intensa que me fez desviar o olhar.

Ontem foi o dia mais longo do ano. A entrada do Verão. Fiz dele também a noite mais longa. A lua cheia como grávidas nas consultas. As nuvens em redor como farrapos de sonho. A janela fechada do quarto. A negar-me impulsos de lobo.

Ontem embrulhei-me em mim. Uma vez mais. Como tantas outras vezes. Sinto-me hoje como saído de uma má digestão. Estou torcido e amarrotado. Que pena não me poder deixar no cesto da roupa suja. Que não tenho. Nem sei porquê.


Talvez para a manhã custar um pouco menos a suportar.




[Escrito em 22/06/2005...ou algo assim]