segunda-feira, julho 11, 2005

Hoje senti-me estranho...

Hoje uma sensação esquisita. Uma tristeza infinita pelo mundo. Uma tristeza profunda como as águas de um oceano que aparece no National Geographic. Uma tristeza desoladora... Pelos desastres a que as nossas vidas estão sujeitos. Pelas pessoas que se perdem. Que caem. Se esgotam. São maltratadas. Abusadas. Raptadas. Violadas. Mutiladas. Traumatizadas. Pelas pessoas que falecem.
Uma tristeza asfixiante. Que me deixou nos olhos uma vontade de água... Uma tristeza tão grande pela roda da sorte que a Vida é. Tantas vezes. Vezes demais. As ironias estúpidas. Que levam a situações. Irreparáveis. Muitas vezes. Vezes demais. A aleatoriedade absurda da vida... A tristeza pela impotência. De tornar racional. A vida. A matemática toda que aprendi metida na gaveta. Guardada cá dentro. A lógica bem estruturada. Mecanizada. Automatizada. Inata e exercitada. É hoje um farrapo velho. Um vasto campo de entulho empilhado em cima de mais entulho. Nada. A vida não tem lógica. Nem leis. Nem razão. Nem ordem. Nem sentido. A vida é um somatório infinito de impossibilidades estatísticas que se unem para expandir o Universo dia-a-dia.

Não quero mais nada. Nem a alegria. Que deve ser incomensurável (deve, porque não a conseguimos medir. Porque não temos a noção do que significa. Porque não apreendemos o absurdo que representa...). Digo, a alegria que deve ser incomensurável, de estarmos aqui. Vivos. Fruto da aleatoriedade Kafkiana do Universo todo antes de nós. Todo. Quantos anos? Quantos pequenos nadas que se juntaram para sermos nós? Eu aqui. Vocês em qualquer outro sítio a ler estas palavras rasgadas do peito...
Nem a alegria, dizia eu. De sermos nós próprios fruto dessa estúpida aleatoriedade me alegra hoje perante a tristeza infinita... (maior que o Universo?) a suprema tristeza de sermos todos frágeis como velas num dia de vento... de virmos e irmos sem que, tantas vezes, se perceba o porquê do entretanto...

Bah... A última frase repugna-me. Se pudesse apagava-a. Mas os meus dedos são maquinistas de um comboio que vai numa só direcção e não pára nunca. Para não perder as paisagens sem fim que me aguardam ao virar de cada dia.

Sim...isto já me parece mais um fim de texto.