Reencontro
Caí outra vez na armadilha das gavetas fechadas. E foi a custo que consegui escapar. Mas valeu a pena. Hoje confirmei que lá dentro não há um eu. Há muitos eus. Imensos eus. Espalhados por incontáveis pedacinhos de papel.
(Ainda para mais datados e assinados. Ainda para mais cheios de uma confiança juvenil e incontrolavelmente cheia de si. Arrogante e arrebatadora. Ainda para mais repletos de esperanças e de sonhos. Ou de desilusões e de sombras mais negras que a noite. Nos meus eus não há meio-termo. Ou branco ou negro. Ou vida ou morte. Ou sim ou não. Ou alegria extasiante ou tristeza sepulcral.)
São outros reflexos de mim, diferentes destes. São outros pedaços em que me rasguei. Fragmentos que não lancei ao vento. Talvez num outro dia, quando tudo fizer mais sentido. De qualquer forma, alegria. A sensação de que, por trás de todas as letras de todos os meus eus, reside um fundo igual. Constante e imutável. Como se houvesse uma impressão digital por entre as linhas, uma marca de água nas folhas de papel. Talvez, afinal, eu nunca me tenha perdido de mim.
Isto sim, é uma boa notícia!
(Ainda para mais datados e assinados. Ainda para mais cheios de uma confiança juvenil e incontrolavelmente cheia de si. Arrogante e arrebatadora. Ainda para mais repletos de esperanças e de sonhos. Ou de desilusões e de sombras mais negras que a noite. Nos meus eus não há meio-termo. Ou branco ou negro. Ou vida ou morte. Ou sim ou não. Ou alegria extasiante ou tristeza sepulcral.)
São outros reflexos de mim, diferentes destes. São outros pedaços em que me rasguei. Fragmentos que não lancei ao vento. Talvez num outro dia, quando tudo fizer mais sentido. De qualquer forma, alegria. A sensação de que, por trás de todas as letras de todos os meus eus, reside um fundo igual. Constante e imutável. Como se houvesse uma impressão digital por entre as linhas, uma marca de água nas folhas de papel. Talvez, afinal, eu nunca me tenha perdido de mim.
Isto sim, é uma boa notícia!
5 Comentários:
Fico satisfeita em saber que Finalmente conseguiste abrir a gaveta..
Fico ainda mais satisfeita em constactar que afinal o teu receio de encontrares naquela gaveta fechada os EUS mais escuros nao se concretizou..
Nos somos todos feitos de luz e de sombra,de bom e de mau...
Somos muitas facetas..
Ainda bem que nao es "cinzento"..
Ah..
Adorei...a forma como o descreves..
belissimo..
continua...
Belo comentário! Obrigado!
:)
Talvez, afinal, eu nunca me tenha perdido de mim.
Isto sim, é uma boa notícia!
ñ podia deixar de comentar...
sinto que é perdido nessas gavetas, nesses pedaços de papel amontoados que se encontram as vertentes de todo o teu ser..
falta-te a coragem de pegares num rolo de fita cola e te encheres de paciência ao colar pedacinho por pedacinho aquilo q sempre foste, mas que nunca acreditaste ser. és o que és, nunca aquilo que pretendias ser, ou aquilo que alguém imaginou que deverias ser. vais descobrir que o retalho final dos papelinhos é muito menos do que aquilo q verdadeiramente és...
custa-me ser rude com alguém que se expressa tão maravilhosamente bem, mas se a pessoa que tu és, é essa que tu não queres ser... rompe a barreira do pensamento, e experimenta simplesmente ser... sem grandes ambições ou grandes expectativas.
deixa de lado a princesa encarcerada na torre pelo padastro malvado a espera do príncipe com a chave mágica... vem cá fora e deixa-te apaixonar.. não por tudo de uma vez.. não por 1000 coisas ao mesmo tempo.. mas por uma coisa de cada vez... és todas essas folhas de papel.. mas não as és ao mm tempo.. ninguém te pede que escolhas uma única folha... tu podes ser quem quiseres... um verdadeiro "profiller" é um dom que tu tens... não é uma maldição...
podes mudar todos os dias.. apenas te exigem que sejas feliz... hoje és feliz?
Provavelmente tens razão...
Conheces-me desde o tempo em que não havia papéis dentro das gavetas. Alguns deles foram escritos a meias entre nós. Em relação aos outros, sabes de onde vieram e de onde vêm.
"Tu podes ser quem quiseres... um verdadeiro "profiller"". Alguém me disse algo semelhante há cerca de 10 anos atrás. Mesmo na altura senti que era tanto um peso como um dom. Hoje continuo a oscilar entre uma opinião e a outra.
Era tão bom poder mudar todos os dias. Nunca me cansaria de nada e tudo seria uma novidade, um desafio...
Em relação à felicidade, acontece por momentos. De um modo geral sou felicíssimo. Acontece assim: sou feliz quando me esqueço do que me faz infeliz ; sou infeliz quando me esqueço do que me faz feliz. Mas sei que poderia ser mais feliz, porque sei o que me faz feliz e o que me faz infeliz.
"Na vida nunca se é assim... é-se sempre assado..."
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