sábado, fevereiro 07, 2009

Areal

O dedo do teu pé a rasgar na mansidão do areal sulcos vivos. A escrever vales no meio de montanhas. A formar cordilheiras de areia tornadas letras. O dedo do teu pé. Que é o sacho de um lavrador qualquer num final de tarde. Que é o sacho do meu avô.

Ou a sachola pequena com que eu o imitava. E que o fazia sorrir como se o tempo parasse e existíssemos só nós na horta ao entardecer.

O dedo do teu pé que. Dizia. É um sacho a abrir na terra carreiros firmes. É um sacho a profetizar um bom ano e uma boa colheita. É um sacho a jurar jantares por vir e o fumo da chaminé em noites de Inverno.



O dedo do teu pé a rasgar na mansidão do areal sulcos vivos. Sacho a fertilizar a terra. A vida. De sementes de amor e dias felizes. Onde. Num deles. Eu de sachola na mão a escrever AMO-TE no fundo da horta.




[17/11/2005]

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