segunda-feira, maio 14, 2007

Natal

É dia de Natal. 2006. A serra. Hoje. Usou a a paleta toda de cores para dizer adeus ao dia. No céu as nuvens, apesar de imóveis, parecem partir. Fazem lembrar muitos pedacinhos de algodão cinzento em carreira. Contra um fundo em gradiente. De vermelho a azul. Como um arco-íris disperso. Como um disperso-íris no horizonte.

Em redor há casas fechadas com gente dentro. Ao lado de casas fechadas com gente dentro. Assim numa extensão de quilómetros até o sopé da serra nascer da planície de paredes brancas. Das janelas pendem cachos de luzes às cores. Ou pais-natais em pose de assaltantes subindo as casas. Nas ruas há pouca gente. Poucos carros. Poucos sons.

Presumo que os sons estejam fechados em casas com gente dentro. Gente cujos rostos não adivinho. Cujo sorriso não posso imaginar. Gente feliz, talvez. Gente triste que pensa (ou que tenta. Ou que quer acreditar) ser feliz, também. Gente que pendura cachos de luzes às cores de frente para um pôr-do-Sol inesquecível e se fecha em casas com gente dentro.


E cá fora. Eu. Apesar de imóvel. Pareço partir.




[Natal.2006]

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