quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Não crescer

Um dia chorei muito. De noite na cama. Porque não queria crescer. Ser adulto. Tenho vivido agarrado a essa crença como um naúfrago a um resto de madeira. Adio conscientemente o meu futuro. Sempre que ele me toca à campainha assobio para o lado. E corto pela raíz qualquer contrasenso ao meu pensamento pueril.

Sou feliz assim. Cresci por fora. Ossos. Músculos. Tendões. Ligamentos. Por dentro estoi eu. Igual a mim. Desde sempre talvez. Posso até dizer que irredutível como uma pequena aldeia gaulesa na França.

Não vou deixar. Que o tempo pegue em mim e me molde nas mãos. O meu corpo não tem valor. Mas eu. Por dentro. Não serei vencido.


[2005]

2 Comentários:

Blogger Vega disse...

Também me sinto assim... E, curiosamente, também em criança me assustava saber que um dia seria grande. O pior (ou melhor!) é que esse dia ainda não chegou. Estranho como os anos passam e o ser-se grande vai sendo adiado ano após ano. Talvez porque um dia prometi a mim mesma que não deixaria de ser criança...

6:49 da tarde  
Blogger Pirata disse...

:D Tal como eu...

12:38 da manhã  

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