domingo, novembro 27, 2005

Fim...

A vida seca os rios que trazemos em nós. Sou o leito seco do que fui um dia. Se não há forças. Se não há forças para moldar o mundo com as mãos gretadas de hoje. Porquê o brilho prometedor. Vivo. A confrontar-me no canto do espelho? Porque não o olhar baço de quem já foi? De quem já foi e não torna mais. Porque não sabe o caminho. Porque não há caminho. Porque não há sítio para onde voltar.

O fato que trago ainda colado ao corpo está-me largo. Rasgado. Tem tecido entre os buracos. E no entanto continua a ser um fato. E ninguém me dá a mão quando. Na rua. Estendo a minha.

Sei lá quem sou. Um dia soube ser tudo o que quiserem. Fui. Tudo o que quiserem. Tudo o que quiserem. Hoje não sei ser nada. Nem sei ser nada.

Quando já não restava nada. Quando o caminho me tinha já atirado para fora de todos os caminhos que me podiam salvar. Quis ser solidão. Quis ser silêncio. E nem assim me reencontrei.

Partirei um dia. Quando o meu corpo se desprender deste fato que não se desfaz por teimosia. Partirei um dia e dirão que. Um dia. Soube ser tudo o que quiseram. Fui. Tudo o que quiseram. Tudo o que quiseram.

Nada importa. A verdade é que. Um dia. Muito antes de partir. Deixei de ser.

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