segunda-feira, julho 24, 2006

A verdade (e um limpa-neves)

A verdade é só esta. Nua e crua como só as verdades podem ser. Quero atirar-te para trás das costas. Quero esquecer-te. Perder-te (Não ir-te perdendo aos poucos. Perder-te toda de uma vez só com a intensidade com que sempre cri em ti).

A verdade é só esta. Tivemos muitos dias. Muitos meses. Muitos anos. Cheios de segundos e oportunidades que não o foram. Agora chega. Agora a nossa viagem chegou ao fim. Os nossos destinos separam-se aqui. Eu vou por aqui. Tu vais por onde quiseres. Mas não comigo. Não te trarei mais dentro de mim nas horas vazias, quando a noite cresce dentro do peito até sugar toda a sanidade do ar. Agora chega. Estarei só quando estiver só (Não estarei acompanhado como quando estava só com a tua presença metafísica). Estarei só e feliz. Sem o peso todo do passado que nem passado foi, mas um devaneio de criança. Sim, um devaneio de criança.

A verdade é só esta. Espero um dia perder também as recordações que são caminhos de terra batida que levam a tua casa. As poucas recordações que são veredas à beira-rio num pôr-do-Sol eterno onde corro o risco de te reencontrar sem querer. Espero apagar todas as minhas pegadas da neve. Para nunca mais as poder seguir no sentido contrário. No sentido das tuas. No sentido de ti.

A verdade é só esta.


[13/14-06-2006]

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