sexta-feira, junho 02, 2006

Puzzle de criança - 04/12/2000

Oh... repara, como se os teus braços fossem asas coladas ao meu corpo terreno...no abraço interminável e intemporal que nos damos apaixonados - só um, sempre o mesmo, contínuo e imutável -, cientes da nossa juventude e do nosso amor...
Percebes? Que toda a vida sonhei com este abraço e que é a minha grande aspiração, o meu sonho para o futuro? Da mesma forma que tu és e serás sempre a musa dos meus dias mais inspirados, o reflexo doirado nas águas tépidas do lago ao crepúsculo e a aragem fresca de uma manhã em liberdade...

Como os pássaros que voam nos campos, livres e cheios de amor por dar e por receber, assim passeamos nós nesta cidade, cheios de um egoísmo bom que nos faz ter a plena consciência de que nada mais interessa no mundo para lá do olhar que trocamos - e que é um beijo doce, longo e ardente - e das paisagens que construimos lado a lado. Sim... sabes tão bem quanto eu, que o mundo é algo mais, não é unívoco, tem várias faces, sabes tão bem quanto eu... e isso aprendemo-lo juntos no conforto dos dias... que cada um pode criar o seu próprio mundo... o mundo é um quadro, e há mil e uma maneiras de o colorir e de lhe dar forma, mesmo quando a realidade é a mesma para todos... e afnal, isto é arte. Como um poeta que escreve o que lhe vai na alma, como um escultor que dá vida à sua obra de acordo com o palpitar que lhe vai dentro do peito, assim é também necessário ser um artista para dar ao mundo a coloração certa e torná-lo nosso... isso aprendemo-lo juntos...

Os teus lábios nos meus, a aconchegarem a criança que chora dentro de mim quando não estás, como carícias boas de mãe, a prometerem lagos de amor e aves de sonho em cada contacto, cada afago, cada despertar... sei que te conheço desde sempre, que sempre te conheci mesmo quando ainda não era eu e as minhas moléculas eram ainda um nada sereno e silencioso... sempre te conheci... como se te encontrasse dia após dia, redescubro-te, no entanto, em cada olhar, em cada sorriso, em cada emoção... surpreendes-me a cada instante contemplando das montanhas da minha imaginação o nosso amor, como se por vezes o visse não só pelos meus olhos, mas por olhos estranhos... e sorrisse enternecido... sabes? tu e eu não existimos verdadeiramente estando separados, como duas partes de um puzzle antigo lançadas ao acaso numa caixa de infinitas peças montadas pela mão de uma criança sonhadora... talvez que fosse evidente a nossa complementaridade, mas não deixa de ser maravilhoso que a criança nos tenha visto e sorrido perante o nosso olhar cúmplice, juntando-nos neste abraço interminável e caloroso...



"Puzzle de criança" - 04/12/2000 [Bem do fundo da gaveta...]

2 Comentários:

Blogger Vega disse...

:)))
Mais uma vez, parabéns pela maneira como expressas os teus sentimentos. Leio e percebo-te tão bem... mas não seria capaz de me exprimir assim, de me fazer entender tão bem.
Continua, temos escritor!

12:53 da tarde  
Blogger Pirata disse...

Muito obrigado pelas tuas visitas e pelos teus comentários. :D

Dás-me vontade de continuar a colocar aqui umas coisas de vez em quando! :D

Beijo

4:46 da tarde  

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