sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Doem-me os dedos na escuridão da noite

Doem-me os dedos na escuridão da noite. Sofro-me dentro de mim como leão numa jaula. Às vezes apetece largar tudo e fugir. Fugir deste sofá onde me atolo agora como num pântano. Como os dos desenhos animados da nossa infância. Fugir deste quarto pela janela aberta. Fugir desta vila. Fugir desta freguesia. Deste concelho. Deste distrito. Desta província. Deste país. Deste continente. Deste planeta. Deste sistema solar. Desta galáxia. Deste Universo... Agora que o digo assim, tão absorventemente, sinto medo e sei que sou injusto. Talvez me apeteça fugir das barreiras que se criam dentro de mim com a poeira dos dias. Talvez só me apeteça esconder um pouco a cabeça entre as mãos e pensar sobre a vida. Talvez, afinal de contas, não me apeteça nada disso e seja só o sono a comandar o matraquear rítmico dos meus dedos em cima deste teclado. A escrever coisas que não penso. A imaginar coisas que não visualizo.

Ai... não sei... às vezes, na escuridão da noite doem-me os dedos como se chegassem a casa depois de uma longa viagem por paragens desconhecidas. Ou como se ainda procurassem o caminho para lá chegar...

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial