domingo, outubro 09, 2005

O amor é isto...

Um dia hei-de ser criança. E hei-de ter ovelhas para pastorear. A minha mãe há-de preparar-me o farnel com amor. Mesmo que uma côdea dura e pão. Não faz mal. Tudo me saberá a mel. Porque será mel o que me há-de apetecer.

Hei-de ter um cajado e um cão. Um cão chamado Leão. Um cãozinho chamado Leão. E os montes serão o meu recreio. Desde o amanhecer ao pôr-do-Sol.

Um dia. Eu sei que hei-de ter uma flauta. Feita pelo meu pai de um pedaço de árvore que a Terra há-de arrancar de si mesma. E hei-de encostar-me à sombra de uma árvore. De uma árvore que hei-de preferir. A embalar o vento com o som que me sairá. Das mãos.

Hei-de. Um dia. Guardar rebanhos como quem tem sonhos por guardar. E por alimentar. E por proteger. Até que venha um dia. Até que venha o dia. Em que. Una os meus sonhos que hão-de ser ovelhas a pastar. Aos sonhos de uma menina. Que há-de ser pastora de ovelhas. Como eu.

E os nossos sonhos amadureçam. E se façam dias. Uns atrás dos outros. Sem que nunca. Nunca. Deixemos de subir os montes. De mão dada e cajado nas mãos livres. Com dois cãezinhos lado a lado. A ensinar aos rebanhos a liberdade de se amar alguém.


Roma, 21/09/2005

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Lindo! :) Acreditas que vi os montes, as ovelhas, senti a sombra da árvore e o vento? Adorei. Beijo (Erótica)

8:47 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial